Guia deixou Juliana sentada em trilha e se afastou para fumar, diz pai da publicitária

Por Redação O Estado de S. Paulo - 30/06/2025 10:27

O pai da publicitária brasileira Juliana Marins contou ao Fantástico, da TV Globo, que conversou com o guia que acompanhava sua filha na trilha no monte Rinjani, na Indonésia, onde ela caiu em morreu na semana passada. De acordo com ele, o guia relatou que se afastou de Juliana por cinco a 10 minutos para fumar e, neste curto período, ela caiu.

"Juliana falou para o guia que estava cansada e o guia falou: 'senta aqui, fica sentada'. E o guia nos disse que ele se afastou por cinco a 10 minutos para fumar. Para fumar! Quando voltou, não avistou mais Juliana. Isso foi por volta de 4h. Ele só a avistou novamente às 6h08, quando gravou o vídeo e o enviou ao chefe dele", disse Manoel Marins à reportagem do Fantástico.

Com o aviso do guia, foi acionada a brigada de primeiros socorros do Parque Nacional do Monte Rinjani, que só iniciou a subida por volta das 8h30. A equipe chegou ao local do acidente às 14h e, conforme o pai de Juliana, "o único equipamento que eles tinham era uma corda".

"Jogaram a corda na direção da Juliana. Depois, no desespero, o guia amarrou a corda na cintura e tentou descer sem ancoragem", contou Manoel Marins. Quando perceberam que não conseguiriam fazer o resgate sozinhos, acionaram a Defesa Civil da Indonésia (Basarnas).

A equipe do Basarnas chegou ao local às 19h do mesmo dia em que Juliana caiu. Mas, com a instabilidade climática e a chegada da noite, o resgate foi adiado. Segundo o governo da Indonésia, não era possível utilizar helicóptero para fazer o resgate por conta da falta de visibilidade, já que o clima estava com muitas nuvens e instável.

No dia seguinte, também não conseguiram acessar a publicitária, que foi deslizando ainda mais: de 300 metros, ela chegou a 500 metros de profundidade desde o ponto da queda. Por fim, quatro dias após a queda, conseguiram chegar até ela com a ajuda de alpinistas voluntários, mas Juliana já estava morta.

Autópsia

O laudo da autópsia feita no corpo da publicitária aponta que ela morreu em decorrência de hemorragia interna, cerca de 20 minutos depois de uma das quedas que sofreu. A estimativa é de que ela tenha morrido entre 24h e 12h antes do resgate chegar até ela.

"Os culpados, no meu entendimento, são o guia, que deixou Juliana sozinha para fumar e, por 40 ou 50 minutos, tirou os olhos dela; a empresa que vende os passeios, porque esses passeios são vendidos em banquinha como sendo trilhas fáceis de fazer; mas o primeiro culpado, que eu considero o culpado maior, é o coordenador do parque. Ele demorou a acionar a Defesa Civil", afirmou o pai ao Fantástico.

A equipe do Basarnas justificou que o resgate à Juliana não foi possível antes por conta das condições climáticas no local nos dias que seguiram o acidente e o terreno instável do vulcão, que colaborou inclusive para o escorregamento da publicitária.

O Parque Nacional do Monte Rinjani publicou uma nota dizendo que "expressa profundo pesar pelo falecimento de Juliana De Souza Pereira Marins, uma alpinista originária do Brasil que morreu em uma trilha do Parque Nacional do Monte Rinjani. Oferecemos nossas mais profundas condolências à família, amigos e colegas da vítima. Que sejam dados força e perseverança para enfrentar esta tragédia".