A decisão dos Estados Unidos nesta segunda-feira, 22, de aplicar sanções contra a advogada Viviane Barci de Moraes, mulher do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, ganhou destaque na imprensa internacional.
A medida, adotada com base na Lei Magnitsky, foi descrita como inédita e controversa e responsável por elevar as tensões diplomáticas entre Washington e Brasília. A sanção havia sido prometida pelo governo de Donald Trump como reação à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na trama golpista.
O jornal francês Le Monde escreveu que "a administração norte-americana exerce pressão crescente contra autoridades judiciais brasileiras" e ressaltou que a medida integra "uma crise diplomática em curso entre os dois países". Os efeitos da sanção incluem o congelamento de bens e a proibição de transações financeiras com cidadãos dos EUA.
O norte-americano The Washington Post apontou que "Trump, que também foi acusado de tentar permanecer no poder após uma derrota eleitoral, tentou pressionar o Supremo Tribunal Federal para retirar as acusações contra Bolsonaro".
O jornal também citou uma entrevista concedida por Moraes no mês passado, em que o ministro afirmou que não iria recuar "nem um milímetro" diante da pressão estadunidense, e lembrou que a Lei Magnitsky, "destinada a punir autoridades estrangeiras corruptas e graves violadores dos direitos humanos", geralmente tem como alvo "altos funcionários de Estados inimigos, como Coreia do Norte ou Irã, ou indivíduos procurados por crimes de guerra."
O espanhol El País chamou a sanção de "retaliação econômica politicamente motivada", imposta pelos EUA ao Brasil. A publicação destacou que Viviane Barci de Moraes integra agora a mesma lista em que aparecem criminosos internacionais, à qual "acabam de se juntar ninguém menos que os Mayos, uma poderosa facção do cartel de Sinaloa, e dois islâmicos sudaneses com conexões com o Irã."
Na Suíça, o 20 Minutes publicou que "Trump se vinga da esposa do juiz", destacando que Viviane "perde toda oportunidade de negócios nos EUA" devido às decisões do marido. A edição francesa do mesmo veículo afirmou que "os Estados Unidos se voltam contra a esposa do juiz brasileiro que condenou Bolsonaro", citando acusações dos EUA de que Moraes teria "violado direitos humanos e censurado opositores".
No Canadá, o TVA Nouvelles informou que "as sanções aumentam a crise entre os dois países" e que o ministro Alexandre de Moraes é acusado de ter "orquestrado uma caça às bruxas contra Bolsonaro".
A rede árabe Al Jazeera disse que os advogados dos sancionados vão recorrer, mas que "juristas dizem que suas chances de sucesso são remotas". O episódio foi definido como acirramento da crise diplomática entre "as duas maiores democracias do Hemisfério Ocidental."
Sobre a sanção à mulher do ministro do STF, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que as sanções buscam "responsabilizar quem protege e facilita atores estrangeiros como Moraes" mirando uma "rede de apoio" do ministro.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que "não há Clyde sem Bonnie", em referência a um casal de criminosos dos EUA famoso na década de 1930.