Cristiano Pereira, de 'A Praça é Nossa', é condenado a 18 anos de prisão por estupro

Por Sabrina Legramandi - 26/09/2025 19:02

*Alerta: o texto abaixo aborda temas sensíveis como estupro, violência doméstica e violência contra a mulher. Se você se identifica ou conhece alguém que está passando por esse tipo de problema, ligue 180 e denuncie.

O humorista Cristiano Pereira, integrante do programa A Praça é Nossa, do SBT, foi condenado a 18 anos, 4 meses e 15 dias de prisão em regime fechado por estupro de vulnerável. A informação foi confirmada por Aline Rübenich, advogada da mãe da vítima, ao Estadão nesta sexta-feira, 26.

Cristiano publicou uma nota assinada por seu advogado, Edson Cunha, na sexta, alegando ter sido absolvido em primeiro grau e afirmando que decisão da segunda instância "contrariou provas periciais". "Diante desse cenário, serão adotadas as medidas judiciais cabíveis perante as instâncias superiores", diz um trecho do comunicado.

Em contato com o Estadão, o SBT afirmou não ter sido notificado nem informado sobre a ação envolvendo o humorista. O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), de onde partiu a condenação, disse que o processo corre em segredo de justiça.

A decisão veio da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Conforme Aline, Cristiano tentou imputar crime de alienação parental à mãe da vítima.

Atualmente, o humorista realiza uma série de apresentações em comemoração aos seus 30 anos de carreira. Nesta sexta, ele possui uma sessão agendada em Palmas, no interior do Paraná.

Leia a nota completa de Aline Rübenich, advogada da mãe da vítima

"Humorista integrante do programa A Praça é Nossa (SBT) foi condenado pela 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul a 18 anos, 4 meses e 15 dias de prisão em regime fechado pelo crime de estupro de vulnerável.

A decisão unânime escancara a gravidade de um caso emblemático de violência sexual já julgados no Estado e marca uma resposta contundente da Justiça contra crimes cometidos contra crianças e adolescentes.

Paralelamente ao processo criminal, o condenado buscou judicialmente imputar alienação parental à mãe da vítima, em uma tentativa evidente de silenciá-la diante das denúncias. Esse expediente, infelizmente, é recorrente em casos de violência, onde mulheres e mães são perseguidas judicialmente para que a verdade não venha à tona.

Repudiamos com veemência qualquer tentativa de relativizar, estigmatizar ou culpabilizar a vítima, bem como o uso distorcido de ações judiciais como forma de intimidação.

Reafirmamos: a vida só começa quando a violência termina. A decisão judicial é um passo decisivo para que não existam próximas vítimas. E um lembrete urgente: o silêncio só protege agressores."

O que diz Cristiano Pereira

A defesa alega que Cristiano é inocente e que a sentença de primeiro grau "reconheceu a ausência de provas" do crime. O advogado do humorista também afirmou que a decisão judicial ainda não foi publicada pelo TJRS e as informações estão limitadas ao que foi divulgado durante o julgamento.

"Todos os laudos periciais oficiais produzidos pelos peritos do Departamento Médico Legal do RS confirmaram a inexistência do fato. O delegado responsável à época, além de não indiciar, foi testemunha de defesa, firmando convicção técnica e jurídica de que não houve nenhum fato", diz um trecho do comunicado.

"Mantemos plena confiança no reconhecimento do equívoco de julgamento no TJRS, visto que nenhuma das provas efetivamente produzidas sob o crivo do contraditório e da ampla defesa - e analisadas na sentença absolutória de primeiro grau - foi devidamente apreciada no julgamento de segunda instância. Temos plena convicção da inocência de Cristiano Pereira, e confiamos no Poder Judiciário", finaliza.