Além de estrelar filmes aclamados e receber os mais importantes prêmios da indústria do cinema, a atriz americana Diane Keaton, morta neste sábado, 11, ficou conhecida também pela duradoura parceria com o cineasta e ator Woody Allen. A colaboração marcou tanto a vida profissional quanto pessoal de Diane.
O primeiro longa em que trabalharam juntos foi Sonhos de um Sedutor (1972), escrito e estrelado por Allen. Diane já havia atuado anos antes na peça de mesmo nome apresentada na Broadway e foi convidada por Allen para estrelar também a adaptação para os cinemas.
Nessa época, entre o final dos anos 1960 e início dos anos 1970, os dois viveram um relacionamento na vida real. "Ele era tão descolado, com seus óculos grossos e ternos elegantes", escreveu Diane em seu livro de memórias, Agora e Sempre, lançado em 2012. "Mas o que me conquistou foi seu jeito - seus gestos, as mãos, a tosse, o olhar para baixo de forma tímida enquanto contava piadas."
Mesmo após o término, continuaram amigos e parceiros no trabalho. Ainda na década de 1970, Diane apareceu em outros filmes de Allen, como O Dorminhoco (1973), A Última Noite de Boris Grushenko (1975), Interiores (1978) e Manhattan (1979).
Mas foi em 1977 que os dois lançaram o que viria a ser o mais famoso e reconhecido filme da dupla: Noivo Neurótico, Noiva Nervosa. O longa teria sido escrito por Allen especialmente para Diane. O título original do filme em inglês (Annie Hall) remete ao apelido e ao sobrenome verdadeiro da atriz americana (Diane Hall).
Foi por esse papel que Diane ganhou o Oscar de melhor atriz. A produção levou ainda outras três estatuetas - melhor filme, melhor diretor e melhor roteiro adaptado.
O filme é considerado uma das maiores comédias românticas de todos os tempos e Diane reconheceu paralelos entre Annie Hall e sua própria vida. "Meu sobrenome é Hall. Woody e eu tivemos um romance significativo - pelo menos na minha visão. Eu queria ser cantora, era insegura e tropeçava nas palavras", escreveu ela.
No total, os dois artistas trabalharam juntos em oito longas. Os dois últimos foram A Era do Rádio (1987) e Um Misterioso Assassinato em Manhattan (1993).
Defesa polêmica
A longa relação entre Diane e Allen não ficou livre de polêmicas. Como amiga fiel do cineasta, a atriz americana sempre o defendeu da denúncia de que ele teria abusado sexualmente de sua filha adotiva Dylan Farrow nos anos 1990. Ele sempre negou as acusações.
O episódio voltou ao centro das atenções em 2014, quando a atriz recebeu um prêmio em nome do cineasta. De acordo com o jornal The Telegraph, durante o discurso, Keaton elogiou as personagens femininas criadas por Allen ao longo da carreira.
Após o discurso, Dylan publicou carta aberta no The New York Times na qual voltou a acusar o diretor de abuso sexual e criticou os atores que continuavam a apoiá-lo, citando nominalmente Diane.
A atriz, segundo o Telegraph, respondeu dizendo que acreditava no amigo: "Eu amo o Woody. Não quero dizer nada sobre as acusações, exceto que sou amiga dele e acredito nele. É isso para mim. Me preocupo com ele e com todos os envolvidos."
Mesmo após as polêmicas, Diane seguiu verbalizando seu carinho ao cineasta. Em seu livro de memórias, ela escreveu: "Ele sentiria repulsa se soubesse o quanto me importo com ele, mas sou esperta o bastante para não tocar no assunto. O que posso fazer? Ainda o amo." (Com informações da Associated Press)