São Paulo atrasa pagamento por direitos de imagens, mas ajusta 'bicho' por vaga na Libertadores

Por Leonardo Catto - 20/10/2025 17:50

O São Paulo tem atrasos no pagamento por direitos de imagem de seus jogadores. Ainda que os salários via carteira assinada estejam em dia, há parcelas complementares pendentes. A informação foi publicada inicialmente pela ESPN e confirmada pelo Estadão.

Os atrasos variam de dois a três meses entre o elenco são-paulino. O São Paulo não vai se manifestar oficialmente e não confirma a dívida com os jogadores.

Atletas e clubes costumam acertar o pagamento de salário em parte via CLT e outra fatia em direitos de imagens, com pagamentos para uma pessoa jurídica.

É esta segunda fração que costuma ter atrasos, já que a Lei Geral do Esporte prevê possibilidade de rescisão unilateral em casos de pelo menos dois meses consecutivos de atrasos em salário via carteira assinada. Se o atraso for igual ou superior a dois meses, o atleta pode se recusar a treinar e competir sem sofrer punição.

Em contraponto, o 'bicho' pago pela diretoria aos jogadores foi levemente reajustado, ainda antes da derrota para o Mirassol, no domingo. Uma nova reunião deve ocorrer nesta terça-feira. O presidente Júlio Casares quer aumentar a presença no CT da Barra Funda.

Para isso, ele 'convocou' também o CEO do São Paulo, Márcio Carlomagno, que também costuma ter o expediente no MorumBis, para o CT. O clube sonha com uma vaga na Libertadores, o que ficou mais distante após três derrotas nas últimas três rodadas.

Segundo cálculos do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o São Paulo tem 4,4% de chances de classificar para a competição continental.

A crise financeira deu o tom do ano do São Paulo. Com dívida próxima de R$ 1 bilhão no começo da temporada, o clube não gastou com contratações e enxugou o elenco. Controversas vendas de joias formadas pelo clube foram alternativas para fazer caixa.

A austeridade é também uma das exigências do Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC), gerido por Galápagos e Outfield e que amortiza a dívida do clube com bancos e instituições financeiras.

Em relatório divulgado neste mês, é apontado que o São Paulo clube teve uma queda de R$ 56 milhões em seu endividamento, apesar de ter um aumento nos gastos relacionados ao futebol.

Até outubro, o endividamento total do São Paulo caiu de R$ 968 milhões, registrado em dezembro de 2024, para R$ 912 milhões. Essa queda foi impulsionada pelo endividamento bancário, que sofreu uma redução de 22% no período (R$ 259,2 milhões para R$ 202,2 milhões). O relatório também ressalta que o clube conseguiu quitar parcelamentos bancários, dívidas fiscais e pagamentos referentes a direitos federativos, que totalizavam R$ 17,2 milhões da dívida.

Uma das propostas para aumentar a arrecadação é o Fundo de Investimento em Participações (FIP) de Cotia. Na prática, o centro de formação da base são-paulina seria apartado do clube e teria um investidor externo, que dividiria também os rendimentos.

O assunto era debatido informalmente, antes de ser de fato apresentado em sessão no Conselho Deliberativo, mas a estratégia agora é aguardar o fim da temporada.